URBANIZAÇÃO, GLOBALIZAÇÃO E CONSEQUÊNCIAS SOCIAIS E AMBIENTAIS
Por Luiz A. V. Spinola
Ao longo da história, a urbanização ocorreu de forma crescente. Lugarejos se
transformaram em pequenas cidades, cidades pequenas em médias e grandes
cidades, e estas em megalópoles.
Este processo deu-se diferentemente nos vários continentes e países.
Logicamente, os países que se desenvolveram primeiramente também foram
pioneiros em ostentarem grandes cidades e megalópoles. Outras regiões do
mundo, e outros países, seguem atualmente este mesmo processo, movidos por
um impulso irresistível de crescimento a todo custo.
A história da humanidade mostra que as cidades formaram-se para facilitarem
o comércio e, atualmente, grande parte das indústrias. Além disso, são
grandes centros de convivência humana, de serviços e administrações. Estas
características da forma estrutural da convivência humana---a
cidade---inelutavelmente(ñ pode ser evitado) requerem a apropriação de grandes espaços
geográficos, diretos e indiretos.
A concentração urbana, representada por um modelo de formação e crescimento
de cidades sem planejamento, muito contribuiu para o aumento dos problemas
sociais hoje observados nas grandes cidades.
Desníveis extremos entre ricos e pobres, favelas, cortiços, delinquência e
criminalidade são algumas consequências sociais negativas advindas das
densificações urbanas; das injustiças sociais inerentes ao ser humano; da
falta de uma política governamental que se preocupe verdadeiramente com a
distribuição da renda, com a saúde e a educação; e da desordenada atuação
das instituições religiosas e filosóficas em transmitir conceitos
comportamentais adequados à harmoniosa convivência social.
Estas conseqüências negativas se fazem presentes há muitos anos e as
tendências de crescimento apontam para sua maior intensificação. Portanto,
só existe um caminho capaz de impedir a derrocada da civilização : a
imprescindível e urgente descentralização das aglomerações humanas.
Concomitantemente, as formas de produção também terão de ser
descentralizadas. Novos princípios e valores precisam ser disseminados de
maneira a inculcar nas pessoas, especialmente nas populações das cidades, a
premente necessidade de mudarem seus costumes e estilos de vida. São muitos
os costumes a serem mudados, porém um deles se destaca : o consumo de
alimentos deve transitar, prioritariamente, para aqueles produzidos por
árvores, arbustos e plantas permanentes. Políticas públicas devem priorizar
e facilitar a volta do homem ao campo. Tecnologias devem focar a geração de
meios que possibilitem a produção descentralizada e ecológica, livre das
extensas monoculturas. Famílias e grupos sociais devem ser apoiados e
estimulados à auto-produção. Descentralização e auto-suficiência são as
palavras-chave para viabilizarem um futuro harmonioso na convivência das
sociedades humanas com o meio ambiente e a vida no planeta terra.
Degradação Ambiental
A superfície da Terra está em constante processo de transformação e, ao longo de seus 4,5 bilhões de anos, o planeta registra drásticas alterações ambientais . Há milhões de anos, a área do atual deserto do Saara, por exemplo, era ocupada por uma grande floresta e os terrenos que hoje abrigam a floresta amazônica pertenciam ao fundo do mar. As rupturas na crosta terrestre e a deriva dos continentes mudam a posição destes ao longo de milênios . Em conseqüência, seus climas passam por grandes transformações. As quatro glaciações já registradas – quando as calotas polares avançam sobre as regiões temperadas – fazem a temperatura média do planeta cair vários graus. Essas mudanças, no entanto, são provocadas por fenômenos geológicos e climáticos e podem ser medidas em milhões e até centenas de milhões de anos. Com o surgimento do homem na face da Terra, o ritmo de mudanças acelera-se.
AGENTES DO DESEQUILÍBRIO
A escalada do progresso técnico humano pode ser medida pelo seu poder de controlar e transformar a natureza. Quanto mais rápido o desenvolvimento tecnológico, maior o ritmo de alterações provocadas no meio ambiente. Cada nova fonte de energia dominada pelo homem produz determinado tipo de desequilíbrio ecológico e de poluição. A invenção da máquina a vapor, por exemplo, aumenta a procura pelo carvão e acelera o ritmo de desmatamento. A destilação do petróleo multiplica a emissão de gás carbônico e outros gases na atmosfera. Com a petroquímica, surgem novas matérias-primas e substâncias não-biodegradáveis, como alguns plásticos.
Crescimento populacional – O aumento da população mundial ao longo da história exige áreas cada vez maiores para a produção de alimentos e técnicas de cultivo que aumentem a produtividade da terra. Florestas cedem lugar a lavouras e criações, espécies animais e vegetais são domesticadas, muitas extintas e outras, ao perderem seus predadores naturais, multiplicam-se aceleradamente. Produtos químicos não-biodegradáveis, usados para aumentar a produtividade e evitar predadores nas lavouras, matam microrganismos decompositores, insetos e aves, reduzem a fertilidade da terra, poluem os rios e águas subterrâneas e contaminam os alimentos. A urbanização multiplica esses fatores de desequilíbrio. A grande cidade usa os recursos naturais em escala concentrada, quebra as cadeias naturais de reprodução desses recursos e reduz a capacidade da natureza de construir novas situações de equilíbrio.
Economia do desperdício – O estilo de desenvolvimento econômico atual estimula o desperdício. Automóveis, eletrodomésticos, roupas e demais utilidades são planejados para durar pouco. O apelo ao consumo multiplica a extração de recursos naturais: embalagens sofisticadas e produtos descartáveis não-recicláveis nem biodegradáveis aumentam a quantidade de lixo no meio ambiente. A diferença de riqueza entre as nações contribui para o desequilíbrio ambiental. Nos países pobres, o ritmo de crescimento demográfico e de urbanização não é acompanhado pela expansão da infra-estrutura, principalmente da rede de saneamento básico. Uma boa parcela dos dejetos humanos e do lixo urbano e industrial é lançada sem tratamento na atmosfera, nas águas ou no solo. A necessidade de aumentar as exportações para sustentar o desenvolvimento interno estimula tanto a extração dos recursos minerais como a expansão da agricultura sobre novas áreas. Cresce o desmatamento e a superexploração da terra.
Lixo – Acúmulo de detritos domésticos e industriais não-biodegradáveis na atmosfera, no solo, subsolo e nas águas continentais e marítimas provoca danos ao meio ambiente e doenças nos seres humanos. As substâncias não-biodegradáveis estão presentes em plásticos, produtos de limpeza, tintas e solventes, pesticidas e componentes de produtos eletroeletrônicos. As fraldas descartáveis demoram mais de cinqüenta anos para se decompor, e os plásticos levam de quatro a cinco séculos. Ao longo do tempo, os mares, oceanos e manguezais vêm servindo de depósito para esses resíduos.
Resíduos radiativos – Entre todas as formas de lixo, os resíduos radiativos são os mais perigosos. Substâncias radiativas são usadas como combustível em usinas atômicas de geração de energia elétrica, em motores de submarinos nucleares e em equipamentos médico-hospitalares. Mesmo depois de esgotarem sua capacidade como combustível, não podem ser destruídas e permanecem em atividade durante milhares e até milhões de anos. Despejos no mar e na atmosfera são proibidos desde 1983, mas até hoje não existem formas absolutamente seguras de armazenar essas substâncias. As mais recomendadas são tambores ou recipientes impermeáveis de concreto, à prova de radiação, que devem ser enterrados em áreas geologicamente estáveis. Essas precauções, no entanto, nem sempre são cumpridas e os vazamentos são freqüentes. Em contato com o meio ambiente, as substâncias radiativas interferem diretamente nos átomos e moléculas que formam os tecidos vivos, provocam alterações genéticas e câncer.
Ameaça nuclear – Atualmente existem mais de quatrocentas usinas nucleares em operação no mundo – a maioria no Reino Unido, EUA, França e Leste europeu. Vazamentos ou explosões nos reatores por falhas em seus sistemas de segurança provocam graves acidentes nucleares. O primeiro deles, na usina russa de Tcheliabínski, em setembro de 1957, contamina cerca de 270 mil pessoas. O mais grave, em Chernobyl , na Ucrânia, em 1986, deixa mais de trinta mortos, centenas de feridos e forma uma nuvem radiativa que se espalha por toda a Europa. O número de pessoas contaminadas é incalculável. No Brasil, um vazamento na Usina de Angra I, no Rio de Janeiro, contamina dois técnicos. Mas o pior acidente com substâncias radiativas registrado no país ocorre em Goiânia , em 1987: o Instituto Goiano de Radioterapia abandona uma cápsula com isótopo de césio-137, usada em equipamento radiológico. Encontrada e aberta por sucateiros, em pouco tempo provoca a morte de quatro pessoas e a contaminação de duzentas. Submarinos nucleares afundados durante a 2a Guerra Mundial também constituem grave ameaça. O mar Báltico é uma das regiões do planeta que mais concentram esse tipo de sucata.
http://www.geocities.com/RainForest/Wetlands/4710/degradacao.html
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Um comentário:
esse textoo é muito interessante... é importante nós cuidarmos da natureza :D
beijos pró :)
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