terça-feira, 29 de setembro de 2009

BIODIESEL

Biodiesel: conceito e funções
Biodiesel é um combustível biodegradável derivado de fontes renováveis, que pode ser obtido por diferentes processos tais como o craqueamento, a esterificação ou pela transesterificação. Esta última, mais utilizada, consiste numa reação química de óleos vegetais ou de gorduras animais com o álcool comum (etanol) ou o metanol, estimulada por um catalisador. Desse processo também se extrai a glicerina, empregada para fabricação de sabonetes e diversos outros cosméticos. Há dezenas de espécies vegetais no Brasil das quais se pode produzir o biodiesel, tais como mamona, dendê (palma), girassol, babaçu, amendoim, pinhão manso e soja, dentre outras.
O biodiesel substitui total ou parcialmente o óleo diesel de petróleo em motores ciclodiesel automotivos (de caminhões, tratores, camionetas, automóveis, etc) ou estacionários (geradores de eletricidade, calor, etc). Pode ser usado puro ou misturado ao diesel em diversas proporções. A mistura de 2% de biodiesel ao diesel de petróleo é chamada de B2 e assim sucessivamente, até o biodiesel puro, denominado B100.

Surgimento do Biodiesel
O biodiesel já vem sendo pesquisado e já é conhecido desde o início do século passado, principalmente na Europa. É interessante notar que, segundo registros históricos, o Dr. Rudolf Diesel desenvolveu o motor diesel, em 1895, tendo levado sua invenção à mostra mundial em Paris, em 1900, usando óleo de amendoim como combustível. Em 1911, teria afirmado que “o motor diesel pode ser alimentado com óleos vegetais e ajudará consideravelmente o desenvolvimento da agricultura dos países que o usarão”. O que estamos buscando fazer no Brasil é muito semelhante a isso, inicialmente com ênfase na agricultura familiar das regiões mais carentes, como o Nordeste, o Norte e o Semi-Árido brasileiro.

Principais países produtores de biodiesel
Apesar de o motor chamado ciclodiesel ter funcionado inicialmente com óleo vegetal, os baixos preços do petróleo acabaram adiando seu uso. A intensificação das pesquisas e o interesse crescente por combustíveis substitutos do óleo diesel mineral têm sido crescentes depois dos choques do petróleo. A necessidade de reduzir a poluição ambiental deu outro impulso importante. Em 2005, os países da União Européia deverão usar pelo menos 2% de combustíveis renováveis. Em 2010, esse percentual será de 5% e crescerá gradativamente. A Alemanha é responsável por mais da metade da produção européia de combustíveis e já conta com centenas de postos que vendem o biodiesel puro (B100), com plena garantia dos fabricantes de veículos. O total produzido na Europa já ultrapassa 1 bilhão de litros por ano, tendo crescido à taxa anual de 30% entre 1998 e 2002. Essa tendência deverá continuar, mesmo que a taxas menores, o que poderá abrir um mercado importantíssimo para os produtores de biodiesel, como se busca iniciar e consolidar no Brasil.

Experiência brasileira em biodiesel
O Brasil já foi detentor de uma patente para fabricação de biodiesel, registrada a partir de estudos, pesquisas e testes desenvolvidos na Universidade Federal do Ceará, nos anos de 1970. Essa patente acabou expirando, sem que o País adotasse o biodiesel, mas a experiência ficou e se consolidou ao longo do tempo. Progressos crescentes vêm sendo feitos em diversas universidades, institutos de pesquisa de diversos Estados, havendo grande diversidade de tecnologias disponíveis no País. Existem também empresas que já produzem biodiesel para diversas finalidades. Pode-se dizer que o Brasil já dispõe de conhecimento tecnológico suficiente para iniciar e impulsionar a produção de biodiesel em escala comercial, embora deva continuar avançando nas pesquisas e testes sobre esse combustível de fontes renováveis, como aliás se deve avançar em todas as áreas tecnológicas, de forma a ampliar a competitividade do produto. Em resumo, é só usar e aperfeiçoar o que já temos.

Vantagens do biodiesel para o Brasil
Esse combustível renovável permite a economia de divisas com a importação de petróleo e óleo diesel e também reduz a poluição ambiental, além de gerar alternativas de empregos em áreas geográficas menos atraentes para outras atividades econômicas e, assim, promover a inclusão social. A disponibilização de energia elétrica para comunidades isoladas, hoje de elevado custo em função dos preços do diesel, também deve ser incluída como forma de inclusão, que permite outras, como a inclusão digital, o acesso a bens, serviços, informação, à cidadania e assim por diante. Há que se considerar ainda uma vantagem estratégica que a maioria dos países importadores de petróleo vem inserindo em suas prioridades: trata-se da redução da dependência das importações de petróleo, a chamada “petrodependência”. Deve-se enfatizar também que a introdução do biodiesel aumentará a participação de fontes limpas e renováveis em nossa matriz energética, somando-se principalmente à hidroeletricidade e ao álcool e colocando o Brasil numa posição ainda mais privilegiada nesse aspecto, no cenário internacional. A médio prazo, o biodiesel pode tornar-se importante fonte de divisas para o País, somando-se ao álcool como fonte de energia renovável que o Brasil pode e deve oferecer à comunidade mundial.

Biodiesel e economia de divisas
Em 2003, o consumo nacional de diesel foi da ordem de 38 milhões de m 3 . Desse total, cerca de 10% foram importados, a um custo de aproximadamente US$ 800 milhões. Com o uso do B2 (mistura de 2%), o Brasil poderá substituir 760 milhões de m³ por ano. A utilização de B10 permitiria a substituição total do diesel importado. Mas essa é apenas uma parte da vantagem econômica, pois temos que considerar também o agronegócio vinculado ao biodiesel, que abrange a produção de matérias-primas e insumos agrícolas, assistência técnica, financiamentos, armazenagem, processamento, transporte, distribuição, etc. Juntas, essas atividades geram efeitos multiplicadores sobre a renda, emprego e base de arrecadação tributária e alavancam o processo de desenvolvimento regional, o que pode ser potencializado, a médio prazo, com as exportações desse novo combustível. Dados relativos ao agronegócio brasileiro indicam que cada Real de produção agropecuária transforma-se em três Reais quando se considera a média desses efeitos multiplicadores, os quais tendem a crescer na medida em que se avança no processo de produção e exportação de produtos com maior valor agregado.

Benefícios ambientais do biodiesel
Reduzir a poluição ambiental é hoje um objetivo mundial. Todo dia tomamos conhecimento de estudos e notícias indicando os males do efeito estufa. O uso de combustíveis de origem fóssil tem sido apontado como o principal responsável por isso. A Comunidade Européia, os Estados Unidos, Argentina e diversos outros países vêm estimulando a substituição do petróleo por combustíveis de fontes renováveis, incluindo principalmente o biodiesel, diante de sua expressiva capacidade de redução da emissão de diversos gases causadores do efeito estufa, a exemplo do gás carbônico e enxofre. Melhorar as condições ambientais, sobretudo nos grandes centros metropolitanos, também significa evitar gastos dos governos e dos cidadãos no combate aos males da poluição, estimados em cerca de R$ 900 milhões anuais. Além disso, a produção de biodiesel possibilita pleitear financiamentos internacionais em condições favorecidas, no mercado de créditos de carbono, sob o Mecanismo de Desenvolvimento Limpo (MDL), previsto no Protocolo de Kyoto.

Biodiesel e o Protocolo de Kyoto
O mercado de créditos de carbono, previsto no Protocolo de Kyoto, já vem realizando algumas operações, mesmo sem a adesão da Rússia. A vantagem consiste, basicamente, em financiar empreendimentos que contribuam para reduzir a emissão de gases causadores do efeito estufa tais como o gás carbônico e o enxofre, dentre outros. Assim, os empreendimentos são financiados em condições especiais, como estímulo à sua contribuição para a melhoria das condições ambientais do Planeta. Para os empreendimentos, as vantagens são, portanto, indiscutíveis. Sob o ponto de vista do País, abre-se uma nova fonte de financiamento do processo de desenvolvimento, em condições muito vantajosas, permitindo que o Governo redirecione recursos para outras áreas prioritárias, como educação, saúde, infra-estrutura e assim por diante. Não se pode deixar de mencionar, também, o impacto favorável sobre a imagem do País no exterior, na medida em que projetos brasileiros sejam beneficiados com número crescente de financiamentos no âmbito do Mecanismo de Desenvolvimento Limpo. A atenção ao meio ambiente é uma das formas mais eficazes de projetar o nome de um país no cenário internacional, diante da visibilidade e da importância crescente do tema ambiental. A adesão da Rússia ao Protocolo de Kyoto, que permitirá sua entrada em vigor a partir de 16 de fevereiro de 2005 representa, a um só tempo, o fortalecimento do mercado de carbono e um indicador indiscutível sobre a importância crescente com que a comunidade internacional vem tratando da questão ambiental. Cabe assinalar, a propósito, que a Rússia, embora tenha se negado, inicialmente, a assinar o Protocolo, acabou decidindo mudar seu posicionamento diante das repercussões negativas que vinha recolhendo no cenário internacional.

Biodiesel e Inclusão Social
Além das vantagens econômicas e ambientais, há o aspecto social, de fundamental importância, sobretudo em se considerando a possibilidade de conciliar sinergicamente todas essas potencialidades. De fato, o cultivo de matérias-primas e a produção industrial de biodiesel, ou seja, a cadeia produtiva do biodiesel, tem grande potencial de geração de empregos, promovendo, dessa forma, a inclusão social, especialmente quando se considera o amplo potencial produtivo da agricultura familiar. No Semi-Árido brasileiro e na região Norte, a inclusão social é ainda mais premente, o que pode ser alcançado com a produção de biodiesel de mamona e de palma (dendê). Para se ter uma visão geral sobre a criação de novos postos de trabalho, é suficiente registrar que a adição de 2% de biodiesel ao diesel mineral poderá proporcionar o emprego de mais de 200 mil famílias. Para estimular ainda mais esse processo, o Governo está lançando também o selo Combustível Social, um conjunto de medidas específicas visando estimular a inclusão social da agricultura nessa importante cadeia produtiva que terá início com o B2 e depois crescerá gradativamente.

Matérias-primas brasileiras para produção de biodiesel
Empregar uma única matéria-prima para produzir biodiesel num País com a diversidade do Brasil seria um grande equívoco. Na Europa se usa predominantemente a colza, por falta de alternativas, embora se fabrique biodiesel também com óleos residuais de fritura e resíduos gordurosos. Em nosso caso temos dezenas de alternativas, como o demonstram experiências realizadas em diversos Estados com mamona, dendê, soja, girassol, pinhão manso, babaçu, amendoim, pequi, etc. Cada cultura desenvolve-se melhor dependendo das condições de solo, clima, altitude e assim por diante. A mamona é importante para o Semi-Árido, por se tratar de uma oleaginosa com alto teor de óleo, adaptada às condições vigentes naquela região e para cujo cultivo já se detém conhecimentos agronômicos suficientes. Além disso, o agricultor familiar nordestino já conhece a mamona. O dendê será, muito provavelmente, a principal matéria-prima na região Norte.
Às vezes se comenta que o Brasil não vai produzir biodiesel de soja, por exemplo. Na verdade, o objetivo do Governo Federal com o PNPB é promover a inclusão social e, nessa perspectiva, tudo indica que as melhores alternativas para viabilizar esse objetivo nas regiões mais carentes do País são a mamona, no Semi-Árido, e o dendê, na região Norte, produzidos pela agricultura familiar. Diante disso, será dado tratamento diferenciado a esses segmentos e os Estados também deverão fazê-lo, não apenas na esfera do ICMS, mas de outras iniciativas e incentivos. Em Pernambuco, por exemplo, já se cogita criar um pólo ricinoquímico na região do Araripe, mas há vários outros exemplos. Entretanto, uma vez lançadas as bases do PNPB, como se está fazendo agora, todas as matérias-primas e rotas tecnológicas são candidatas em potencial. Isso vai depender das decisões empresariais, do mercado e da rentabilidade das diferentes alternativas. Ao Governo não cabe fazer as escolhas, mas sim estimular as alternativas que mais contribuam para gerar empregos e renda, ou seja, promover a inclusão social. Mas não há dúvida de que a soja, tanto diretamente, como mediante a utilização dos resíduos da fabricação de óleo e torta, será uma alternativa importante para a produção de biodiesel no Brasil, sobretudo nas regiões com maior aptidão para o desenvolvimento dessa cultura.

Tecnologias de Produção do Biodiesel
Existem processos alternativos para produção de biodiesel, tais como o craqueamento, a esterificação ou a transesterificação, que pode ser etílica, mediante o uso do álcool comum (etanol) ou metílica, com o emprego do metanol. Embora a transesterificação etílica deva ser o processo mais utilizado, em face da disponibilidade do álcool, ao Governo não cabe recomendar tecnologias ou rotas tecnológicas, como se diz tecnicamente, porque essas devem ser adaptadas a cada realidade. Diante de nossas dimensões continentais e diversidade, não precisamos e não devemos optar por uma única rota. O papel do Governo é o de estimular o desenvolvimento tecnológico na área do biodiesel, como já vem fazendo, por meio de convênios entre o Ministério da Ciência e Tecnologia e fundações estaduais de amparo à pesquisa, para permitir que possamos produzir esse novo combustível a custos cada vez menores. É preciso estimular o que usualmente se chama de curva de aprendizado, permitindo que nosso biodiesel seja cada vez mais competitivo, como ocorreu com o álcool, por exemplo, e com inúmeros outros produtos.
http://www.biodiesel.gov.br/faq.html

segunda-feira, 28 de setembro de 2009

Pré-sal

Pré-sal
Pré-sal é a denominação das reservas petrolíferas encontradas abaixo de uma profunda camada de sal no subsolo marítimo, também chamada de subsal. As rochas reservatório deste tipo de região normalmente são encontradas em regiões muito profundas, de difícil localização e de acesso mais complexo. A maior parte das reservas petrolíferas "pré-sal" ou "subsal" atualmente conhecidas no mundo está em áreas marítimas profundas e ultra-profundas.
A primeira reserva petrolífera em área pré-sal no mundo ocorreu no litoral brasileiro, onde passaram a ser conhecidas simplesmente como "petróleo do pré-sal" ou "pré-sal". Estas também são as maiores reservas conhecidas em zonas da faixa pré-sal.
Depois do anúncio da descoberta de reservas na escala de vários bilhões de barris, em todo o mundo começaram processos de exploração em busca de petróleo abaixo das rochas de sal nas camadas profundas do subsolo marinho. Atualmente as principais áreas de exploração petrolífera com reservas potenciais ou prováveis já identificadas na faixa pré-sal estão no litoral do Atlântico Sul. Na porção sul-americana está a grande reserva do pré-sal no Brasil, enquanto, no lado africano, existem áreas pré-sal em processo de exploração e mapeamento no Congo (Brazzaville)[1] e no Gabão [2]. Também existem áreas pré-sal sendo mapeadas no Golfo do México e no Mar Cáspio, na zona marítima pertencente ao Cazaquistão.
O pré-sal brasileiro
As reservas de petróleo encontradas na camada pré-sal do litoral brasileiro estão dentro da área marítima considerada zona econômica exclusiva do Brasil. São reservas com petróleo considerado de média a alta qualidade, segundo a escala API.O conjunto de campos petrolíferos do pré-sal se estende entre o litoral dos estados do Espírito Santo até Santa Catarina, com profundidades que variam de 1000 a 2000 metros de lâmina d'água e entre quatro e seis mil metros de profundidade no subsolo, chegando portanto a até 8000m da superfície do mar, incluindo uma camada que varia de 200 a 2000m de sal[3]. Segundo Márcio Rocha Mello, geólogo e ex-funcionário da Petrobras, a área do pré-sal poderia ser bem maior do que os 800 quilômetros, se estendendo de Santa Catarina até o Ceará.[4]
Apenas com a descoberta dos três primeiros campos do pré-sal, Tupi, Iara e Parque das Baleias as reservas brasileiras comprovadas, que eram de 14 bilhões de barris, aumentaram para 33 bilhões de barris. Além destas existem reservas possíveis e prováveis de 50 a 100 bilhões de barris.
A descoberta do petróleo nas camadas de rochas localizadas abaixo das camadas de sal só foi possível devido ao desenvolvimento de novas tecnologias como a sísmica 3D e sísmica 4D, de exploração oceanográfica, mas também de técnicas avançadas de perfuração do leito marinho.
Origem
Processo de aparecimento do Atlântico Sul, entre 140 e 60 milhões de anos atrás, quando se formou o petróleo do pré-sal
O petróleo do pré-sal está em uma rocha reservatório localizada abaixo de uma camada de sal nas profundezas do leito marinho.
Entre 300 e 200 milhões de anos atrás a África e a América do Sul formavam um único continente, a Pangeia, que a cerca de 200 milhões de anos se subdividiu em Laurásia e Gondwana. A aproximadamente 140 milhões de anos teve inicio o processo de separação entre duas as placas tectônicas sobre as quais estão os continentes que formavam o Gondwana, os atuais continentes da África e América do Sul. No local em que ocorreu o afastamento da África e América do Sul, formou-se o que é hoje o Atlântico Sul.
Nos primórdios, formaram-se vários mares rasos e áreas semi-pantanosas, algumas de água salgada e salobra do tipo mangue , onde proliferaram algas e microorganismos chamados de fitoplâncton e zooplâncton. Estes microorganismos se depositavam continuamente no leito marinho na forma de sedimentos , misturando-se à outros sedimentos, areia e sal, formando camadas de rochas impregnadas de matéria orgânica , que dariam origem às rochas geradoras. A partir delas, o petróleo migrou para cima e ficou aprisionado nas rochas reservatórios, de onde é hoje extraído. Ao longo de milhões de anos e sucessivas Eras glaciais, ocorreram grandes oscilações no nível dos oceanos, ocorrendo inclusive a deposição de grandes quantidades de sal que formaram grandes camadas de sedimento salino, geralmente acumulado pela evaporação da água nestes mares rasos. Estas camadas de sal voltaram a ser soterradas pelo Oceano e por novas camadas de sedimentos quando o gelo das calotas polares voltou a derreter nos períodos inter-glaciais.
Estes microrganismos sedimentados no fundo do oceano , soterrados sob pressão e com oxigenação reduzida, degradaram-se muito lentamente e com o passar do tempo, transformaram-se em petróleo, como o que é encontrado atualmente no litoral do Brasil.
O conjunto de descobertas situado entre os estados do Rio de Janeiro e São Paulo (Bem-te-vi, Carioca, Guará, Parati, Tupi, Iara, Caramba e Azulão ou Ogun) ficou conhecido como “Cluster Pré-Sal”, pois o termo genérico “Pré-Sal” passou a ser utilizado para qualquer descoberta em reservatórios sob as camadas de sal em bacias sedimentares brasileiras.
Ocorrências similares, sob o sal podem ser encontradas nas Bacias do Ceará (Aptiano Superior), Sergipe-Alagoas, Camamu, Jequitinhonha, Cumuruxatiba e Espírito Santo, no litoral das ilhas Malvinas, mas também já foram identificadas no litoral atlântico da África, Japão, no Mar Cáspio e nos Estados Unidos, na região do Golfo do México. A grande diferença deste último é que o sal é alóctone enquanto o brasileiro e o africano são autóctones (Mohriak et al., 2004).
Os nomes que se anunciam das áreas do Pré-Sal, possivelmente não poderão ser os mesmos, pois se receberem o status de "campo de produção", os mesmos deverão ser batizados, segundo o artigo 3° d Portaria ANP nº 90, com nomes ligados à fauna marinha.
O debate sobre a nova Lei do Petróleo
A princípio o debate em torno da modificação legal está dividido em três grandes grupos com objetivos e posições político-ideológicas distintas.
Alguns movimentos sociais, sindicatos[16], políticos ligados a partidos políticos mais à esquerda ou nacionalistas e alguns setores do governo defendem a volta à antiga Lei do Petróleo (lei nº 2.004 de 1953), incluindo a reestatização da Petrobras, a volta do monopólio estatal do petróleo e o fim das concessões para multinacionais petrolíferas no Brasil. A maior parte dos movimentos sociais defensores desta posição utiliza-se do lema "O pré-sal tem que ser nosso", em referência à campanha "O petróleo é nosso" dos anos 1950. Alguns destes grupos defendem apenas a ampliação da participação do capital estatal na Petrobras, sem a volta do monopólio estatal, permitindo empresas petrolíferas nacionais mas excluindo as multinacionais.
Os partidos políticos de oposição ao atual governo, algumas das Federações de Indústrias[17], o setor financeiro e as multinacionais petrolíferas, defendem a manutenção do atual modelo de concessão[18] também conhecido como privado ou "privatista". Estes grupos afirmam que a Petrobrás não irá conseguir explorar o pré-sal sozinha e vêem criticando a proposta do governo apresentada em Agosto de 2009 [19].
O governo apresentou uma proposta para a constituição de um novo marco regulatório, com o modelo de partilha de produção, uma nova empresa estatal, a Petrosal, a criação de um Fundo de Desenvolvimento Social que teria também a função de Fundo Soberano para reinvestir os recursos da exploração do pré-sal, e uma mudança no padrão de distribuição dos royalties do pré-sal, mantendo a distribuição atual apenas para as áreas fora do pré-sal.
A proposta do governo conta com o apoio dos Ministérios[20] que elaboraram os projetos de lei, a base de partidos aliados além de alguns movimentos sociais e parte das indústrias ligadas ao setor petrolífero que se vêem desfavorecidas pelo atual modelo de concessão que exige baixos índices de fornecedores nacionais [21]. Entre os argumentos utilizados para defender a proposta do governo está o fato de que o novo modelo poderia aumentar em até 2,5 vezes mais a arrecadação do setor[22].
O projeto de lei enviado pelo governo ao Congresso será submetido a emendas e debatido juntamente com os outros projetos já existentes e que também propõem uma reforma no marco regulatório. A tramitação incluindo discusões e votação deveriam ocorrer inicialmente em regime de urgência, ou seja, por até 45 dias úteis na Câmara e mais 45 dias no Senado[23]. Duas semanas após o envio do projeto, o pedido de urgência foi retirado e substituído por um acordo entre governo e oposição para a composição de um cronograma de votação.

sexta-feira, 18 de setembro de 2009

A QUESTÃO AMBIENTAL NO BRASIL

A QUESTÃO AMBIENTAL NO BRASIL

LISTA DE EXERCÍCIOS

1-De que maneira os centros urbanos dependem do meio rural?
2-O que são mananciais?
3-Quais são as conseqüências da impermeabilização do solo urbano?
4-De que maneira a poluição atmosférica afeta os grandes centros urbanos?
5-Como a poluição visual afeta a população urbana?
6-Caracterize a ocupação do solo das camadas mais pobres da população.
7-Caracterize o lixo no Brasil.
8-Porque a instalação da CSN,no RJ,não sofreu nenhum impedimento ambiental?
9-Caracterize o governo de Kubistchek,no que se refere a indústria e poluição.
10-Qual é o principal obstáculo natural à dispersão de gases no Brasil?
11-Qual é a principal conseqüência do cultivo do café e cana-de-açúcar no Brasil?
12-O que significa monocultura?
13-Porque o Vale do Paraíba,eixo RJ-SP,é exemplo de processo erosivo?
14-Dê o significado de:a)queimada;b)pousio;c)adubação orgânica.
15-Quais são os danos dos agrotóxicos ao meio ambiente?
16-Porque o padrão da matriz energética brasileira parece não promover grandes impactos ambientais?
17-Cite exemplos de impactos socioambientais do modelo adotado no Brasil para gerar energia.
18-Qual é o mais grave problema causado pela exploração de petróleo no Brasil?
19-Quais são os benefícios do PROÁLCOOL?
20-Quais são os problemas ambientais causados pelo gás natural?
21-Quais são os fatores que afetaram a dinâmica hidrológica de vários cursos d’água?
22-Como a exploração do carvão mineral causa problemas ambientais?
23-Qual é o mineral explorado na Serra do Navio?
24-Explique o objetivo do Projeto Carajás.
25-Quais são os órgãos representados no CONAMA?
26-Sintetize a Lei de Crimes Ambientais.
27-O que significa “Conservacionismo Naturalista”?
28-Cite exemplos de movimentos ambientalistas no Brasil.
29-Caracterize a atuação do GREEPEACE no Brasil.

domingo, 30 de agosto de 2009

URBANIZAÇÃO, GLOBALIZAÇÃO E CONSEQUÊNCIAS SOCIAIS E AMBIENTAIS

URBANIZAÇÃO, GLOBALIZAÇÃO E CONSEQUÊNCIAS SOCIAIS E AMBIENTAIS
Por Luiz A. V. Spinola
Ao longo da história, a urbanização ocorreu de forma crescente. Lugarejos se
transformaram em pequenas cidades, cidades pequenas em médias e grandes
cidades, e estas em megalópoles.
Este processo deu-se diferentemente nos vários continentes e países.
Logicamente, os países que se desenvolveram primeiramente também foram
pioneiros em ostentarem grandes cidades e megalópoles. Outras regiões do
mundo, e outros países, seguem atualmente este mesmo processo, movidos por
um impulso irresistível de crescimento a todo custo.
A história da humanidade mostra que as cidades formaram-se para facilitarem
o comércio e, atualmente, grande parte das indústrias. Além disso, são
grandes centros de convivência humana, de serviços e administrações. Estas
características da forma estrutural da convivência humana---a
cidade---inelutavelmente(ñ pode ser evitado) requerem a apropriação de grandes espaços
geográficos, diretos e indiretos.
A concentração urbana, representada por um modelo de formação e crescimento
de cidades sem planejamento, muito contribuiu para o aumento dos problemas
sociais hoje observados nas grandes cidades.
Desníveis extremos entre ricos e pobres, favelas, cortiços, delinquência e
criminalidade são algumas consequências sociais negativas advindas das
densificações urbanas; das injustiças sociais inerentes ao ser humano; da
falta de uma política governamental que se preocupe verdadeiramente com a
distribuição da renda, com a saúde e a educação; e da desordenada atuação
das instituições religiosas e filosóficas em transmitir conceitos
comportamentais adequados à harmoniosa convivência social.
Estas conseqüências negativas se fazem presentes há muitos anos e as
tendências de crescimento apontam para sua maior intensificação. Portanto,
só existe um caminho capaz de impedir a derrocada da civilização : a
imprescindível e urgente descentralização das aglomerações humanas.
Concomitantemente, as formas de produção também terão de ser
descentralizadas. Novos princípios e valores precisam ser disseminados de
maneira a inculcar nas pessoas, especialmente nas populações das cidades, a
premente necessidade de mudarem seus costumes e estilos de vida. São muitos
os costumes a serem mudados, porém um deles se destaca : o consumo de
alimentos deve transitar, prioritariamente, para aqueles produzidos por
árvores, arbustos e plantas permanentes. Políticas públicas devem priorizar
e facilitar a volta do homem ao campo. Tecnologias devem focar a geração de
meios que possibilitem a produção descentralizada e ecológica, livre das
extensas monoculturas. Famílias e grupos sociais devem ser apoiados e
estimulados à auto-produção. Descentralização e auto-suficiência são as
palavras-chave para viabilizarem um futuro harmonioso na convivência das
sociedades humanas com o meio ambiente e a vida no planeta terra.
Degradação Ambiental
A superfície da Terra está em constante processo de transformação e, ao longo de seus 4,5 bilhões de anos, o planeta registra drásticas alterações ambientais . Há milhões de anos, a área do atual deserto do Saara, por exemplo, era ocupada por uma grande floresta e os terrenos que hoje abrigam a floresta amazônica pertenciam ao fundo do mar. As rupturas na crosta terrestre e a deriva dos continentes mudam a posição destes ao longo de milênios . Em conseqüência, seus climas passam por grandes transformações. As quatro glaciações já registradas – quando as calotas polares avançam sobre as regiões temperadas – fazem a temperatura média do planeta cair vários graus. Essas mudanças, no entanto, são provocadas por fenômenos geológicos e climáticos e podem ser medidas em milhões e até centenas de milhões de anos. Com o surgimento do homem na face da Terra, o ritmo de mudanças acelera-se.

AGENTES DO DESEQUILÍBRIO
A escalada do progresso técnico humano pode ser medida pelo seu poder de controlar e transformar a natureza. Quanto mais rápido o desenvolvimento tecnológico, maior o ritmo de alterações provocadas no meio ambiente. Cada nova fonte de energia dominada pelo homem produz determinado tipo de desequilíbrio ecológico e de poluição. A invenção da máquina a vapor, por exemplo, aumenta a procura pelo carvão e acelera o ritmo de desmatamento. A destilação do petróleo multiplica a emissão de gás carbônico e outros gases na atmosfera. Com a petroquímica, surgem novas matérias-primas e substâncias não-biodegradáveis, como alguns plásticos.
Crescimento populacional – O aumento da população mundial ao longo da história exige áreas cada vez maiores para a produção de alimentos e técnicas de cultivo que aumentem a produtividade da terra. Florestas cedem lugar a lavouras e criações, espécies animais e vegetais são domesticadas, muitas extintas e outras, ao perderem seus predadores naturais, multiplicam-se aceleradamente. Produtos químicos não-biodegradáveis, usados para aumentar a produtividade e evitar predadores nas lavouras, matam microrganismos decompositores, insetos e aves, reduzem a fertilidade da terra, poluem os rios e águas subterrâneas e contaminam os alimentos. A urbanização multiplica esses fatores de desequilíbrio. A grande cidade usa os recursos naturais em escala concentrada, quebra as cadeias naturais de reprodução desses recursos e reduz a capacidade da natureza de construir novas situações de equilíbrio.
Economia do desperdício – O estilo de desenvolvimento econômico atual estimula o desperdício. Automóveis, eletrodomésticos, roupas e demais utilidades são planejados para durar pouco. O apelo ao consumo multiplica a extração de recursos naturais: embalagens sofisticadas e produtos descartáveis não-recicláveis nem biodegradáveis aumentam a quantidade de lixo no meio ambiente. A diferença de riqueza entre as nações contribui para o desequilíbrio ambiental. Nos países pobres, o ritmo de crescimento demográfico e de urbanização não é acompanhado pela expansão da infra-estrutura, principalmente da rede de saneamento básico. Uma boa parcela dos dejetos humanos e do lixo urbano e industrial é lançada sem tratamento na atmosfera, nas águas ou no solo. A necessidade de aumentar as exportações para sustentar o desenvolvimento interno estimula tanto a extração dos recursos minerais como a expansão da agricultura sobre novas áreas. Cresce o desmatamento e a superexploração da terra.
Lixo – Acúmulo de detritos domésticos e industriais não-biodegradáveis na atmosfera, no solo, subsolo e nas águas continentais e marítimas provoca danos ao meio ambiente e doenças nos seres humanos. As substâncias não-biodegradáveis estão presentes em plásticos, produtos de limpeza, tintas e solventes, pesticidas e componentes de produtos eletroeletrônicos. As fraldas descartáveis demoram mais de cinqüenta anos para se decompor, e os plásticos levam de quatro a cinco séculos. Ao longo do tempo, os mares, oceanos e manguezais vêm servindo de depósito para esses resíduos.
Resíduos radiativos – Entre todas as formas de lixo, os resíduos radiativos são os mais perigosos. Substâncias radiativas são usadas como combustível em usinas atômicas de geração de energia elétrica, em motores de submarinos nucleares e em equipamentos médico-hospitalares. Mesmo depois de esgotarem sua capacidade como combustível, não podem ser destruídas e permanecem em atividade durante milhares e até milhões de anos. Despejos no mar e na atmosfera são proibidos desde 1983, mas até hoje não existem formas absolutamente seguras de armazenar essas substâncias. As mais recomendadas são tambores ou recipientes impermeáveis de concreto, à prova de radiação, que devem ser enterrados em áreas geologicamente estáveis. Essas precauções, no entanto, nem sempre são cumpridas e os vazamentos são freqüentes. Em contato com o meio ambiente, as substâncias radiativas interferem diretamente nos átomos e moléculas que formam os tecidos vivos, provocam alterações genéticas e câncer.
Ameaça nuclear – Atualmente existem mais de quatrocentas usinas nucleares em operação no mundo – a maioria no Reino Unido, EUA, França e Leste europeu. Vazamentos ou explosões nos reatores por falhas em seus sistemas de segurança provocam graves acidentes nucleares. O primeiro deles, na usina russa de Tcheliabínski, em setembro de 1957, contamina cerca de 270 mil pessoas. O mais grave, em Chernobyl , na Ucrânia, em 1986, deixa mais de trinta mortos, centenas de feridos e forma uma nuvem radiativa que se espalha por toda a Europa. O número de pessoas contaminadas é incalculável. No Brasil, um vazamento na Usina de Angra I, no Rio de Janeiro, contamina dois técnicos. Mas o pior acidente com substâncias radiativas registrado no país ocorre em Goiânia , em 1987: o Instituto Goiano de Radioterapia abandona uma cápsula com isótopo de césio-137, usada em equipamento radiológico. Encontrada e aberta por sucateiros, em pouco tempo provoca a morte de quatro pessoas e a contaminação de duzentas. Submarinos nucleares afundados durante a 2a Guerra Mundial também constituem grave ameaça. O mar Báltico é uma das regiões do planeta que mais concentram esse tipo de sucata.
http://www.geocities.com/RainForest/Wetlands/4710/degradacao.html

domingo, 31 de maio de 2009

Já estão escolhidas as 12 cidades onde serão os jogos da Copa de 2014

Rio de Janeiro
São Paulo
Belo Horizonte
Porto Alegre
Curitiba
Brasília
Cuiabá
Manaus
Fortaleza
Salvador
Recife
Natal


O Rio, como se sabe, será o endereço da final, chance da definitiva reabilitação do Maracanã, após a derrota de 1950. São Paulo, está quase certo, fica com o jogo de abertura - Belo Horizonte sua a camisa no lobby para tomar o lugar dos paulistas. Cuiabá venceu Campo Grande, pelo prestígio político de Blairo Maggi, o governador do Mato Grosso. Manaus ganhou de Belém e Rio Branco o privilégio de ser a sede amazônica e Natal levou a última vaga, derrubando Florianópolis, por razões políticas e logísticas.

http://forum.jogos.uol.com.br/As-12-cidadessede-da-Copa-2014_t_256484

sábado, 23 de agosto de 2008

BIBLIOTECA VIRTUAL

ISSO A REDE GLOBO NÃO DIVULGA NUNCA ! ! !



Uma bela biblioteca digital, desenvolvida em software livre, mas que está prestes a ser desativada por falta de acessos.
Imaginem um lugar onde você pode gratuitamente:

· Ver as grandes pinturas de Leonardo Da Vinci ;
· escutar músicas em MP3 de alta qualidade;
· Ler obras de Machado de Assis Ou a Divina Comédia;
· ter acesso às melhores historinhas infantis e vídeos da TV ESCOLA
· e muito mais....



Esse lugar existe!





O Ministério da Educação disponibiliza tudo isso,basta acessar o site:





www.dominiopublico.gov.br



Só de literatura portuguesa são 732 obras!

Estamos em vias de perder tudo isso, pois vão desativar o projeto por desuso, já que o número de acesso é muito pequeno. Vamos tentar reverter esta situação, divulgando e incentivando amigos, parentes e conhecidos, a utilizarem essa fantástica ferramenta de disseminação da cultura e do gosto pela leitura.



Divulgue para o máximo de pessoas!



É MELHOR FAZER PROPAGANDA DOS BBBs E DAS NOVELAS, POIS, O POVO ASSISTE E FICA BURRO, E ASSIM É MAIS FÁCIL DE SER ENGANADO!

quarta-feira, 4 de junho de 2008

INTERNACIONALIZAÇÃO DA AMAZÔNIA

Órgãos como a Sudam e Sudene transformaram-se
em escritórios de negócios de políticos inescrupulosos.

As ameaças de internacionalização da Amazônia tornam-se dia-a-dia mais frequentes, visíveis, concretas.

Divisa-se sobre o grande tapete verde da selva o sinal de alerta, inquietante, sem nenhum exagero. Políticos e militares da região mostram-se preocupados com a perspectiva da intervenção estrangeira, já vista por alguns como inevitável, e deploram a ausência do Estado nos grandes vazios amazônicos e em particular nas extensas faixas de fronteira da região.

A questão das reservas indígenas, que hoje ocupam grandes áreas geográficas na região, em nome de pequenas tribos, sob o conceito de nação, pode muito bem se prestar para um futuro projeto de "balcanização" da área. No horizonte da conflagração, a disputa de territórios maiores do que alguns estados europeus, ricos em mineração e em outros bens do patrimônio gigantesco do bioma amazônico, estimulada e mesmo patrocinada por pesados interesses internacionais.

Mais grave é que no presente, a questão da soberania nacional sobre a região não tem mais o condão de conter a língua de alguns dos mais reconhecidos líderes políticos da atualidade no mundo, que mostram-se incerimoniosos em discutir o futuro da Amazônia, como se a região já lhes pertencesse. A propósito, é fácil recolher depoimentos que vão de Margareth Tatcher a Henry Kissinger e tantos outros, passam por John Major e chegam a Al Gore, atual vice-presidente e virtual presidente dos estadunidenses, para quem "ao contrário do que os brasileiros pensam, a Amazônia não é deles, mas de todos nós", em nome de princípios humanitários", que justificariam qualquer intervenção em armas na região.

Enquanto isso, o Brasil vira de costas. Ou, como a avestruz, limita-se a enfiar a cabeça no centro-sul, para não ver as dimensões do conflito amazônico, agora acompanhado de perto pela insaciável cobiça internacional.

A verdade é que há um conflito na região que o Brasil insiste em desconhecer. Um conflito do homem com o ambiente hostil e uma relação conflituosa com a terra, com o atraso histórico, de miseráveis, índios e caboclos, habitantes da selva. Uma gente que, vítima do abandono secular, não teve sequer a oportunidade para alimentar qualquer tipo de idéia de Nação, de sentimento patriótico.

E é nesse clima de insatisfação e inconformismo que poderão vicejar projetos intervencionistas internacionais, inclusive com a probabilidade real de receberem o apoio de contigentes de nativos da região. Incomoda, dói, provoca indignação, mas é comum ouvir-se na Amazônia que talvez fosse melhor entregar tudo aos americanos, porque com eles ao menos chegaria o progresso e o bem estar para as populações regionais, vítimas do abandono secular, enteados da pátria. E o diabo é que não são poucos os que pensam assim, fruto da desesperança e do isolamento, diante da outra face do país, próspera e desenvolvida.

Como agravante, com a crise terminal da república tucana, aprofundam-se o quadro das desigualdades regionais no Brasil. E, sob o regime democrático, tem-se cavado ainda mais o fosso do subdesenvolvimento, porque, no jogo das forças políticas, os estados da Amazônia tem representação insignificante, quando não viciada pelo descrédito de seus homens públicos, que quase sempre só aparecem na imprensa brasileira debaixo dos holofotes da vergonha e do opróbrio.

A partir do governo Collor, decrescem os índices de crescimento econômico nas regiões menos desenvolvidas do país e acentuam-se as disparidades regionais. Agora, no governo FHC, realimenta-se de forma acelerada a tendência de concentração das atividades econômicas, com o esvaziamento progressivo dos instrumentos e modelos de desenvolvimento regional. Com FHC, o PIB per capita na Região Norte caiu 9%, no Nordeste 0,31%, enquanto nas regiões Sul e Sudeste crescia em 165 e 1% respectivamente. Segundo cálculo do economista Márcio Pochmann, da Unicamp, considerando-se a renda per capita do Brasil como igual a 100, no Nordeste verificou-se uma queda de 49 para 47,5 e no Norte de 73 para 64, levando a um aumento médio de 11% na diferença entre os PIBs per capita das mais diversas regiões do país.

Além do empobrecimento progressivo do interior do país, que alarga ainda mais a distância entre as regiões, tem-se uma política econômica de recessão e desemprego. Órgãos como a Sudam e Sudene transformaram-se em escritórios de negócios para políticos inescrupulosos, em benefício próprio e de eventuais afilhados do poder.

A Zona Franca de Manaus encontra-se ás portas da morte. Instalada no governo Castelo Branco, dentro da chamada "Operação Amazônica", chegou a empregar mais de 120 mil trabalhadores no Distrito Industrial de Manaus. Hoje, não tem nem 30 mil operários, enquanto o comércio de importados amarga a falência irremediável. Esse processo de deterioração da atividade econômica intensifica-se com FHC.

Artur Reis, o primeiro governador do Estado do Amazonas na época do Golpe Militar de 64, criticável como administrador público, mas profundo estudioso da realidade regional, em sua famosa obra "A Amazônia e a Cobiça Internacional", há anos anunciava os perigos da internacionalização. E a recente guerra dos Balcãs serve de grande advertência. Há também a questão da guerrilha e do narcotráfico na fronteira com a Colômbia, onde já estão instalados alguns contigentes de militares americanos, com armas e bagagens.

Paulo Figueiredo é advogado e professor
de Direito da Fundação Universidade do Amazonas

http://hps.infolink.com.br/peco/amazonia21/ama2101c.htm